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Perspectivas

Parar a intensificação do genocídio em Gaza!

Publicado originalmente em inglês em 21 de julho de 2025

Israel está intensificando seu genocídio em Gaza com um massacre diário de assassinatos contra uma população indefesa. Enquanto está acontecendo uma horrível atrocidade após a outra, o governo Netanyahu, com o apoio total das potências imperialistas, acelera seus esforços matar de fome, aterrorizar e aniquilar o povo palestino.

Corpos de palestinos mortos tentando alcançar caminhões de ajuda entrando no norte de Gaza pela passagem de Zikim com Israel são levados para o Hospital de Shifa, na Cidade de Gaza, em 20 de julho de 2025. [AP Photo/Jehad Alshrafi]

Em 20 de julho, pelo menos 115 palestinos foram mortos, incluindo 92 em dois massacres separados que tinham como alvo multidões em busca de ajuda humanitária. O Euro-Med Human Rights Monitor [Observatório Euro-Mediterrânico dos Direitos Humanos] informou que, em um desses massacres, 67 pessoas foram mortas no norte de Gaza. Segundo ele, “O exército de ocupação ordenou que os civis se aproximassem dos caminhões de ajuda com as mãos levantadas — um claro sinal de rendição — e então abriu fogo contra eles sem provocação”.

Em meio a conversas sobre um suposto “cessar-fogo”, os massacres são implacáveis. Entre eles, nos últimos 10 dias, estão:

  • Em 10 de julho, um ataque israelense em uma área civil em frente à clínica de saúde do Projeto HOPE em Deir al Balah matou 15 pessoas, incluindo nove crianças e quatro mulheres, e feriu outras 30.
  • Em 11 de julho, um ataque aéreo israelense matou três pessoas e feriu várias outras na única igreja católica de Gaza.
  • Em 11 de julho, 10 palestinos foram mortos e 60 feridos perto de um local de distribuição de alimentos no noroeste de Rafah; no dia seguinte, 31 dos 132 feridos recebidos no hospital de campo da Cruz Vermelha morreram devido aos ferimentos.
  • Entre 10 e 13 de julho, pelo menos quatro jornalistas foram mortos em ataques israelenses separados, incluindo um que foi alvejado enquanto visitava sua casa e outro junto com sua esposa grávida e três filhos em uma tenda com pessoas desalojadas.
  • Em 14 de julho, um ataque israelense em um edifício residencial abrigando pessoas desalojadas em Tal al Hawa matou 12 palestinos, a maioria mulheres e crianças, e feriu mais 30.
  • Em 16 de julho, 21 pessoas foram mortas, incluindo 15 sufocadas e atropeladas, em um local militarizado de distribuição de ajuda no sul de Khan Younis.

Israel e os EUA criaram uma entidade conhecida como “Fundação Humanitária de Gaza” (GHF), que construiu “corredores de ajuda” que são, na verdade, campos de matança — zonas que são armadilhas deliberadamente construídas, monitoradas e alvejadas por drones e franco-atiradores israelenses. Quase mil pessoas buscando ajuda foram mortas e mais de 6 mil foram feridas nos locais desde o final de maio.

O massacre de pessoas buscando ajuda está diretamente ligado a uma campanha deliberada de fome. O Ministério da Saúde de Gaza relatou que 18 pessoas morreram de fome em um período de 24 horas, refletindo uma acentuada intensificação da fome sob o bloqueio quase total israelense de alimentos, água e eletricidade.

No fim de semana, Israel também anunciou uma nova ofensiva terrestre no centro de Gaza e emitiu novas ordens de evacuação. O governo israelense está implementando um plano para forçar a população de Gaza a se dirigir a um vasto campo de concentração sobre as ruínas de Rafah, preparando-se para sua eventual expulsão para outros países.

O Estado israelense é uma empreitada criminosa – e é assim que está cada vez mais sendo visto por trabalhadores e jovens ao redor do mundo. O genocídio é o ponto culminante da lógica reacionária do sionismo. Fundado sobre a premissa de criar um Estado exclusivo religioso por meio da expulsão da população palestina, o sionismo alcançou seu estágio terminal: uma “solução final para o problema palestino”.

O genocídio em Gaza desencadeou uma enorme onda de oposição global. Milhões participaram de protestos em massa nos últimos 21 meses. Entretanto, essas manifestações – enquanto expressam uma indignação moral profundamente sentida e legítima – carecem de uma perspectiva política clara. Certas conclusões críticas devem ser tiradas hoje.

Em primeiro lugar, a luta contra o genocídio é inseparável da luta contra o imperialismo. O genocídio em Gaza não pode ser entendido isoladamente. É parte integrante de uma guerra imperialista global em expansão e da constante violação de limites.

No Oriente Médio, os EUA e Israel bombardearam o Irã em junho, enquanto Israel realizou novos ataques aéreos na Síria na semana passada. Também na semana passada, o governo Trump anunciou que retomaria os enormes envios de armas para a Ucrânia, aprofundando a guerra agora de três anos contra a Rússia. No Pacífico, quase 40 mil soldados dos EUA, Austrália e 17 outros países lançaram os maiores exercícios militares conjuntos já realizados no continente australiano, como um ensaio para a guerra contra a China.

As mesmas potências imperialistas que lançaram guerras contra o Iraque, Iugoslávia e outros países com base em alegações falsas e mentirosas de limpeza étnica ou armas de destruição em massa estão hoje apoiando totalmente Israel enquanto realiza abertamente o genocídio e a limpeza étnica em Gaza.

Os imperialistas legitimam cada crime de guerra porque isso estabelece um precedente para crimes ainda maiores no futuro, incluindo o uso de armas nucleares. E eles apoiam o genocídio porque isso é central para sua estratégia de remodelar o Oriente Médio como um teatro crítico em seus planos mais amplos para a guerra global. Como admitiu abertamente o chanceler alemão Friedrich Merz no mês passado em relação ao bombardeio do Irã, Israel está realizando nosso “trabalho sujo”.

Em segundo lugar, a luta contra o imperialismo deve ser baseada na classe trabalhadora, a grande força revolucionária da sociedade. A guerra global sendo travada pelas potências imperialistas está inseparavelmente conectada a uma guerra contra a classe trabalhadora em todos os países. Esses mesmos governos estão realizando um feroz ataque sobre os direitos sociais e os padrões de vida dos trabalhadores domesticamente — cortando salários, destruindo serviços públicos, desmantelando programas sociais e impondo onda após onda de demissões e austeridade.

Esta contrarrevolução social agora entrou em uma nova fase. Nos Estados Unidos, o governo Trump está se movendo sistematicamente para desmantelar a educação pública e destruir o que resta do Medicare, Medicaid e da previdência social. Cada potência capitalista importante está seguindo um caminho semelhante, respondendo à crise aprofundada do sistema ao procurar impor todo o fardo do militarismo e do colapso econômico sobre os ombros da classe trabalhadora.

A única maneira de acabar com o genocídio e a guerra mais ampla da qual ele faz parte é por meio da massiva expansão da luta de classes em todos os países. É uma premissa fundamental do marxismo que a luta contra a guerra deve ser uma guerra contra a própria classe dominante. Em meio a níveis sem precedentes de desigualdade social, milhões de trabalhadores estão buscando entrar em luta e romper o controle das burocracias sindicais corporativistas, nacionalistas e pró-guerra.

Em terceiro lugar, a luta contra a guerra deve ser desenvolvida como um movimento internacional contra o capitalismo e pelo socialismo. O genocídio em Gaza é produto de um sistema global que subordina todas as necessidades humanas aos interesses de lucro da oligarquia financeira.

Uma nova estratégia é necessária — uma que baseie a luta contra o genocídio em Gaza na mobilização industrial e política da classe trabalhadora internacional. Trabalhadores em todo o mundo estão sendo levados para a luta contra a mesma classe dominante que patrocina o assassinato em massa em Gaza.

O World Socialist Web Site, o Comitê Internacional da Quarta Internacional e seus Partidos Socialistas pela Igualdade afiliados fazem um chamando para a construção de um novo movimento contra a guerra baseado no socialismo internacional. Ele deve ser anticapitalista e socialista, lutando para abolir a ditadura do capital financeiro e pôr fim ao sistema de lucro que é a causa fundamental da guerra. Deve ser completamente independente de todos os partidos capitalistas e seus agentes políticos.

Ele deve ser internacional, unindo trabalhadores em todos os países em uma luta comum para acabar com o sistema imperialista. Chamamos todos os trabalhadores e jovens que concordam com este programa a se engajarem nesta luta.

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