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Perspectivas

Um ano da prisão do socialista ucraniano Bogdan Syrotiuk

Publicado originalmente em inglês em 25 de abril de 2025

Em 25 de abril de 2024, nosso camarada Bogdan Syrotiuk, com 25 anos na época, foi preso pelo Serviço Secreto Ucraniano (SBU). Bogdan é um opositor socialista da guerra na Ucrânia e é um dos principais membros de nossa organização, a Jovem Guarda dos Bolcheviques-Leninistas (JGBL), que declarou sua solidariedade ao movimento trotskista mundial, o Comitê Internacional da Quarta Internacional (CIQI) e o World Socialist Web Site.

Bogdan Syrotiuk mostrando uma imagem de Leon Trotsky em uma antiga edição soviética do livro "Dez Dias que Abalaram o Mundo", de John Reed, em abril de 2023.

Bogdan foi acusado de “traição sob lei marcial”. Ele está detido em uma prisão superlotada e em condições de higiene precárias em Nikolaev, compartilhando seu destino com trabalhadores de fábricas e jovens presos. Se condenado, ele poderá pegar de 15 anos a prisão perpétua. O ponto central da acusação e do julgamento é a alegação do SBU de que Bogdan “estava envolvido na preparação de publicações em nome de representantes da agência russa de propaganda e informação World Socialist Web Site”. A principal “prova” das acusações são os artigos que ele escreveu e que foram publicados pelo WSWS.

Na realidade, os pontos de vista bem documentados de Bogdan e do CIQI refutam diretamente essa alegação da SBU. O CIQI e a JGBL se opuseram à invasão da Ucrânia desde o início como uma resposta reacionária da oligarquia russa ao cerco imperialista da Rússia, que só serviria aos interesses das potências imperialistas e dividiria a classe trabalhadora.

Bogdan sempre defendeu o fim da guerra por meio da unificação da classe trabalhadora ucraniana, russa e mundial com base em uma perspectiva socialista. Ele sempre se opôs tanto ao regime de Zelensky quanto ao regime de Putin, ambos caracterizados por ele como o resultado reacionário da restauração do capitalismo na União Soviética pela burocracia stalinista.

Isso é o que Bogdan, como representante da JGBL na Ucrânia, queria dizer no ato online do Primeiro de Maio do ano passado do CIQI:

Neste dia de solidariedade internacional da classe trabalhadora, nós, os membros da seção ucraniana da Jovem Guarda dos Bolcheviques-Leninistas e todo a JGBL, defendemos a unificação do proletariado ucraniano e russo com o proletariado dos países imperialistas para acabar com essa guerra!

Fazemos um chamado para a criação de seções do Comitê Internacional da Quarta Internacional em todas as ex-repúblicas soviéticas.

Exortamos o proletariado de todo o mundo a se unir sob a bandeira de sua liderança, o Comitê Internacional da Quarta Internacional.

Que as palavras de Karl Marx e Friedrich Engels soem mais alto e com mais força: “Trabalhadores de todos os países, uni-vos!”

Ele escreveu essas palavras apenas alguns dias antes de ser preso e não pôde pronunciá-las. Essas palavras, por si só, são mais do que suficientes para deixar claro o conteúdo de seus “crimes”.

Na verdade, Bogdan foi preso por expressar suas opiniões socialistas contra a guerra, por expor os crimes dos fascistas ucranianos e, acima de tudo, por sua luta pela reconstrução do movimento trotskista na antiga União Soviética.

A JGBL foi fundada em 2018 como uma organização que busca descobrir a verdade sobre Trotsky e a luta da Oposição de Esquerda contra a traição nacionalista da Revolução de Outubro pelo stalinismo. A JGBL surgiu em condições apropriadamente descritas pelo historiador soviético Vadim Rogovin como terra arrasada para o trotskismo. No Grande Terror da década de 1930, praticamente todos os trotskistas e outros revolucionários foram fisicamente destruídos pela burocracia stalinista. Nas décadas seguintes, todas as informações sobre Trotsky e a luta da Oposição de Esquerda contra o stalinismo foram distorcidas ou ocultadas.

Em nosso desenvolvimento posterior, chegamos à conclusão de que era necessário participar da luta consciente da classe trabalhadora internacional. Esse reconhecimento foi expresso em nossa decisão de nos unirmos ao Comitê Internacional da Quarta Internacional como a única força capaz de liderar a classe trabalhadora. Hoje, a JGBL, juntamente com o CIQI, está lutando para superar o legado do stalinismo e reviver as tradições internacionalistas de Lenin e Trotsky na classe trabalhadora da antiga União Soviética.

A acusação contra Bogdan expõe a propaganda imperialista de que a guerra travada pela OTAN contra a Rússia na Ucrânia é uma guerra pela democracia contra a ditadura de Putin. Para perseguir esse jovem socialista, estão sendo mobilizadas leis ditatoriais que permitem ao governo ucraniano a acusação contra cidadãos por suas declarações, caso sejam suspeitos de serem “traidores do Estado”. Para “provar” esses crimes, ‘especialistas’ linguísticos especiais são chamados para provar o conteúdo “criminoso” das declarações. Na verdade, o que está acontecendo é a perseguição de pessoas por “crimes de pensamento”, um procedimento anteriormente associado, acima de tudo, à Alemanha nazista. Dezenas de milhares de jovens e trabalhadores foram presos com base nisso.

Desde o início da guerra, centenas de milhares de jovens e trabalhadores ucranianos morreram nas linhas de frente; muitos outros ficaram permanentemente feridos ou incapacitados. Suas vidas foram brutalmente desperdiçadas, não pela “liberdade” e pela “democracia”, mas pelos interesses predatórios das potências imperialistas e da oligarquia voraz.

Bogdan foi preso em meio à crescente oposição à guerra e a uma imensa crise social na Ucrânia. Tendo emergido da traição stalinista da Revolução de Outubro, a oligarquia ucraniana, assim como sua contraparte russa, é extremamente sensível à ameaça que o movimento trotskista representa para seu governo. Temendo que os pontos de vista de Bogdan fossem mais ouvidos em meio a um movimento entre trabalhadores e jovens contra a guerra, a oligarquia agiu para prendê-lo.

A prisão de Bogdan não é apenas um ataque a Bogdan e à JGBL, é um ataque a toda a classe trabalhadora e ao CIQI em particular. O Estado está montando seu processo com o objetivo de criminalizar o trotskismo. O WSWS, a publicação online do CIQI, foi proibida um mês após a prisão de Bogdan, a fim de impedir o acesso dos ucranianos à exposição do julgamento de Bogdan e às informações reais sobre suas opiniões.

Não há dúvida de que a prisão de Bogdan foi orquestrada não apenas por Kiev, mas também pelos apoiadores imperialistas do regime de Zelensky em Berlim, Londres e Washington. Vale lembrar que o CIQI vem sendo atacado por governos há vários anos. Em 2018, o Partido Socialista pela Igualdade na Alemanha (SGP) foi incluído na lista de “organizações extremistas de esquerda”. E no ano passado, a IYSSE na Alemanha, a organização de juventude do SGP, foi incluída na lista de “organizações anticonstitucionais”.

Mas nós não fomos e nunca seremos intimidados por esses ataques. O Comitê Internacional respondeu à prisão de Bogdan com uma poderosa campanha em nível global, exigindo sua libertação imediata e popularizando os princípios trotskistas que ele defende. Nos primeiros dias após a detenção de Bogdan, uma petição exigindo sua libertação foi criada e reuniu mais de 4.700 assinaturas. Uma página especial no WSWS apresenta informações sobre Bogdan e essa campanha.

Em 13 de junho, o CIQI realizou piquetes em frente às embaixadas ucranianas em todo o mundo, lendo uma carta de David North, presidente do conselho editorial do WSWS, para o governo ucraniano exigindo a libertação de Bogdan Syrotiuk. A libertação de Bogdan foi um dos temas centrais das campanhas eleitorais dos Partidos Socialistas pela Igualdade no Reino Unido, Sri Lanka, EUA e Alemanha.

A campanha recebeu apoio de várias organizações, intelectuais e figuras públicas, incluindo o cofundador do Pink Floyd, Roger Waters. Como resultado, os promotores estaduais foram submetidos a um intenso escrutínio público e estão lutando no tribunal para provar seu caso contra Bogdan.

Mas essa luta está longe de terminar. Um ano depois, a luta pela liberdade de Bogdan é mais urgente do que nunca. O que está em jogo não é apenas a liberdade de Bogdan, mas a mobilização política da classe trabalhadora internacional contra a ameaça crescente da guerra mundial, do fascismo e da ditadura. Seja qual for o resultado das negociações atuais dos EUA com a Ucrânia e a Rússia, a trajetória é em direção a uma nova redivisão imperialista do mundo. Mas, como mostra a experiência da guerra na Ucrânia, a guerra imperialista e a consequente morte em massa não podem ser impostas à classe trabalhadora sem uma repressão brutal à oposição antiguerra e ao fortalecimento das forças fascistas.

Desde que Trump chegou ao poder, seu governo ressuscitou a lei para justificar a deportação de “imigrantes ilegais”, já deportou mais de 100.000 pessoas e também revogou os vistos de mais de 1.600 estudantes estrangeiros, muitos dos quais foram alvos de ataques por causa de suas declarações políticas protestando contra o genocídio israelense em Gaza. Assim como Bogdan, eles estão sendo perseguidos efetivamente por sua oposição à guerra e ao fascismo, um “crime de pensamento”.

Portanto, fazemos um chamado aos trabalhadores e à juventude na Rússia, na Ucrânia, nos EUA e em todo o mundo para que se unam à campanha pela liberdade de Bogdan como parte central da luta consciente contra o fascismo, a ditadura, a guerra e o capitalismo.

  • Assine a petição exigindo a libertação de Bogdan e compartilhe-a com seus amigos e conhecidos!
  • Não ao fascismo e à guerra! Pela unificação da classe trabalhadora ucraniana, russa e internacional, por meio da construção do movimento trotskista!
  • Participe do Ato Online do Dia Internacional dos Trabalhadores em 3 de maio!
  • Junte-se ao Partido Socialista pela Igualdade e construa a Quarta Internacional!
  • Pela liberdade de Bogdan Syrotiuk!
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